Compreender de que maneira a família contribui no
desenvolvimento escolar das crianças nos dias atuais é uma questão que se faz
necessária e deve ser analisada não apenas pelos educadores, pois estes, em sua
maioria, já perceberam no cotidiano da sala de aula que esta é uma questão
relevante para seu trabalho com os educandos. Este é um tema vital para toda a
sociedade, pois dele resulta o sucesso do aluno na escola, sua permanência, sua
formação quanto sujeito crítico, agente e autônomo.
Segundo Aranha (2006:94) é na família que acontece a educação informal,
nela a criança aprende a interagir com a sociedade, com a cultura existente e
em boa parte deste processo não há uma percepção de que se está educando. Desta
forma a educação informal caracteriza-se por não ser intencional e é exercida a
partir das vivências, o comportamento vai sendo modelado por meio da repetição;
depois pela interiorização da expressão ou gesto repetido até tornar-se norma
de comportamento. Na maioria das escolas existe uma expectativa por alunos que
tragam da família o comportamento adequado, os conhecimentos prévios
necessários e que a família destes alunos sejam parceiras no processo educativo
da educação formal, porém é na ausência destas atribuições que reside a queixa
da maioria dos professores em relação às famílias.
No Brasil caminhamos para quase total escolarização de nossas crianças,
desde a promulgação da Carta Constituinte de 1988 que definiu a educação como
direito social, tem se tornado cada dia maior o número de crianças que tem
acesso à rede pública de ensino. Entretanto essa democratização não se traduz
ainda em qualidade de ensino. A LDB no Art. 12 afirma que as instituições de
ensino, respeitando as normas comuns e as de seu sistema de ensino, terão a
incumbência de articular-se com as famílias e a comunidade e criar um processo
de integração com a sociedade e colaborar com as atividades de articulação com
as famílias.
Contudo devido às mudanças sócio-econômicas ocorridas
nas últimas décadas a configuração familiar, tendo o pai como provedor e a mãe
como cuidadora se torna a cada dia uma realidade mais distante. Atualmente muitas
das famílias atribuem o cuidado das crianças às avós, tias ou uma irmã mais
velha, a educação informal nesta nova realidade é um desafio para a escola que
espera que a crianças chegue à sala de aula sabendo as regras de convivência,
respeito e deveres a cumprir. Os relatos de professores em sua maioria
expressam insatisfação com determinadas famílias, que segundo os professores,
não se interessam por suas crianças, afirmam ainda que em sua maioria as
crianças que a família é ausente são muito prejudicadas no desempenho escolar. É deste campo de entraves que
emerge a questão principal deste trabalho: Como a participação da família inter
e extra escola contribui para o desenvolvimento e aprendizagem da criança nas
séries iniciais?